quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Acertos e erros

Por Roselis Von Sass

“Sê amável para com os teus próximos. E verdadeiro nas palavras e ações.”
Faz algumas semanas dirigi 30 km, por uma hora, à noite, para ir a um curso que começaria naquela terça. 

Quando cheguei à recepção do instituto, 15 minutos antes do inicio, a recepcionista disse que o curso só começaria na semana seguinte. Ela desfilou uma lista de justificativas para o fato de não ter me avisado em tempo e, assim que a lista acabou, eu fui embora.

Fui embora com a mania daqueles que escrevem e querem editar texto sempre mais uma vez. Naquela ocasião, eu queria editar o episódio. Na minha ficção, a recepcionista pediria desculpas e me convidaria para conhecer o instituto e para tomar água.
Mas é vida real e nem sempre admite edições. 

Na vida real, aprendemos desde pequenos que é feio errar, que devemos ganhar e acertar e que o erro é sinônimo de fracasso. 

O erro raramente é apoiado como parte de um processo que poderá levar ao acerto. Assim, pedir desculpas significa assumir uma responsabilidade ou um erro e isso pode ter um preço. Mas será que temos pensado no preço de não assumi-los?

Já escutei adultos falando para crianças que desculpa e obrigada são palavras mágicas. Eu acho que eles têm razão. Basta imaginar o que é dirigir um carro sem amortecedor e depois dirigir outro com. 

Pedir desculpas funciona como um amortecedor das relações, algo que nos torna mais humanos, fortes por assumirmos nossa vulnerabilidade, mais aconchegantes e acolhedores.

E qual o preço de sermos aconchegantes e acolhedores? Qual o preço de assumirmos que somos pessoas em processo de aprendizagem que podem falhar? 

Não importa, porque certamente mais alto é o preço de se sentir permanentemente impotente, incapaz e sem coragem de assumir quem se é.

Talvez posicionar-se perante o outro, aceitando os próprios acertos e erros, seja um preço justo a pagar para tornar-se uma pessoa mais potente e para que as crianças finalmente entendam, por exemplos práticos e não apenas no discurso, o quanto as palavras podem ser mágicas.

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